Resumo
Discutimos a clínica psicanalítica. Objetivamos saber, especificamente, a função das entrevistas preliminares na clínica psicanalítica com crianças. O atendimento clínico às crianças envolve particularidade - presença dos pais, a utilização de recursos, para além da comunicação verbal, como os jogos e o brincar, para expressão e interação entre criança e o terapeuta. A infância muitas vezes é lida como uma fase do desenvolvimento em que a autonomia e a apropriação de si se veem questionadas ou submetidas a autoridade de um adulto, fato que muitas vezes dificulta o engajamento da criança em seu processo terapêutico. De fato, a criança, invalidada em seu discurso, muitas vezes é reduzida as construções imaginárias dos pais ou ao pragmatismo diagnóstico da medicina, que reduz o sofrimento e sintoma infantis a transtornos mentais. Para tanto, utilizamos como metodologia de pesquisa a investigação bibliográfica exploratória que se organiza metodologicamente da seguinte forma: primeiramente discutimos a especificidade dos conceitos de crianças e infantil para a psicanálise. Em seguida, fundamentamos a especificidade do atendimento clínico de crianças na teoria psicanalítica. Por fim, problematizamos a função das entrevistas preliminares nesta clínica. Consideramos que o uso das entrevistas preliminares permitem ao analista não conduzir a análise da criança no sentido de responder a demanda dos pais, excluindo a singularidade da posição subjetiva da primeira. Assim, faz-se necessário um período que o anteceda, no qual seja a implicação da criança em seu sofrimento.