ENCAMINHAMENTO DE MULHERES MASTECTOMIZADAS AO SERVIÇO DE
FISIOTERAPIA
REFERRING
WOMEN MASTECTOMIZED TO THE PHYSIOTHERAPY SERVICE
Mayra Ferraz Santos Gusmão[1]
Juliana Barros Ferreira[2]
Vanessa Cruz Miranda[3]
Lorenilson Cabral Santos Souza[4]
Karla Cavalcante Silva de Morais[5]
Recebido em: 11/10/2017.
Aceito em: 28/11/2017.
RESUMO
A cirurgia de mastectomia é
uma das opções terapêuticas mais utilizadas no tratamento do câncer de mama. É
necessário o acompanhamento fisioterapêutico no pré e
pós-cirúrgico a fim de prevenir ou minimizar os comprometimentos ocasionados
pela cirurgia. O estudo teve como objetivo verificar se as mulheres mastectomizadas são encaminhadas ao serviço de fisioterapia.
Em relação à metodologia trata-se de um estudo do tipo descritivo, exploratório
com delineamento transversal e abordagem quali-quantitativa,
realizado em uma unidade
de assistência à pacientes oncológicos no município de Vitória da Conquista -
BA. Foram incluídas todas as mulheres que realizam tratamento para câncer de
mama nessa unidade, com idade igual ou superior a 35 anos e que já haviam sido
submetidas à cirurgia de mastectomia. Como critérios
de exclusão aquelas pacientes que não aceitaram participar da pesquisa ou que
não estavam presentes no momento da coleta de dados. A definição da amostra se
deu por saturação na análise de dados, totalizando 16 mulheres. Foi utilizado
um questionário semiestruturado, formulado pela pesquisadora que incluiu
variáveis de questionamento como: idade, raça, escolaridade, profissão, estado
civil e renda, além de questões norteadoras referentes à como foi realizado o encaminhamento
ao serviço fisioterapêutico e os benefícios obtidos através do tratamento
fisioterapêutico. Os resultados obtidos no presente estudo confirmaram que
o direcionamento dessas mulheres ao serviço de fisioterapia por parte da equipe
de saúde se mostrou insatisfatório. Conclui-se que é preciso aumentar o grau de
informação dessas mulheres e da equipe de saúde sobre a atuação da fisioterapia
na área oncológica, de forma que as mulheres mastectomizadas
possam ser encaminhadas ao tratamento fisioterapêutico.
Palavras-chave:
Câncer de mama. Fisioterapia. Mastectomia.
ABSTRACT
Mastectomy
surgery is one of the most widely used therapeutic options in the treatment of
breast cancer. Physical therapy is necessary before and after surgery to prevent
or minimize the complications caused by the surgery. The study has as objective
to verify if the mastectomized women are forwarded to the service of physiotherapy. In relation to
the methodology, this study was descriptive, exploratory with transversal
design and qualitative and quantitative approach, performed in a care unit for cancer
patients in the city of
Vitória da Conquista - BA. Included all women who are treated for breast cancer in this unit, with age above
35 years and who had undergone mastectomy surgery. Exclusion criteria: patients
who refused to participate or who were not present at the time of collection.
The definition of the sample was given by saturation,
totaling 16 women. A semi-structured questionnaire was used,
formulated by the researcher, who included questioning variables such as: age;
race; education; occupation; marital status and income; and guiding questions
about the referral to physical therapy service; and the benefits obtained with
the physiotherapy treatment. The results obtained in the present study
confirmed that the direction of these women to physiotherapy service by the
health team proved unsatisfactory. Conclude that there is a needed to increase
the level of information of these women and the health care team about the
physiotherapy performance in oncology, so that the mastectomized
women can be directed to the physiotherapy treatment.
Keywords: Breast câncer.
Physiotherapy. Mastectomy.
INTRODUÇÃO
O câncer de mama é a quinta causa de morte por câncer em
ambos os sexos apresentando o total de 521.907 óbitos no ano de 2012 (WORLD
HEALTH ORGANIZATION, 2012). É considerado o tipo de câncer mais incidente na
população feminina. Sendo que, em 2016, no Brasil, estima-se o surgimento de
57.960 novos casos de câncer de mama, que representa uma taxa de incidência de
56,2 casos para cada 100.000 mulheres (INCA, 2015).
O câncer é caracterizado por um conjunto de mais de 100
doenças cuja característica comum é a duplicação celular desordenada que invade
tecidos e órgãos, podendo se disseminar para outras regiões do corpo. O câncer
de mama, especificamente, trata-se de um tumor maligno desenvolvido no tecido
mamário que, a depender da velocidade do crescimento celular, pode apresentar
evolução tardia ou súbita (RODRIGUES; CRUZ; PAIXÃO, 2015; PEREIRA et al.,
2015).
Alguns autores correlacionam o câncer de mama com o
processo de industrialização, no qual o risco aumenta ao passo que se eleva o
status socioeconômico. Isso interfere diretamente no comportamento feminino, no
qual as mulheres adotam um estilo de vida com ausência de maternidade,
intervenção hormonal, baixa paridade e, também, maternidade tardia. Além
desses, existem fatores de risco associados aos maus hábitos, como
sedentarismo, obesidade, tabagismo, alcoolismo e má alimentação; ao fator
genético, cujo histórico familiar de câncer aumenta significativamente a incidência;
e à idade, cuja faixa etária de maior incidência se encontra acima dos 40 anos
(RODRIGUES; CRUZ; PAIXÃO, 2015; PEREIRA et al., 2015).
As ferramentas mais utilizadas e mais eficazes no
diagnóstico do câncer de mama são a mamografia e o exame clínico das mamas,
sendo considerados importantes métodos para o diagnóstico precoce. Outra
técnica utilizada é o autoexame das mamas que é realizado pela própria mulher e
cujas vantagens estão associadas à simplicidade e baixo custo. Entretanto, o
método não contribui para a descoberta precoce da doença uma vez que geralmente
a detecta em estágio avançado (COSTA et al., 2015; SILVA; RIUL,
2011).
Uma das opções terapêuticas mais utilizadas no tratamento
do câncer de mama é a mastectomia, podendo ser
radical ou conservadora, dependendo do grau de acometimento do câncer. A
cirurgia radical por ser considerada “mutiladora” geralmente está associada a
problemas psíquicos que interferem na qualidade de vida das pacientes. Ao
contrário, na cirurgia conservadora, estudos mostram relação entre conservação
das mamas e qualidade de vida, inclusive sexual (COSTA et al., 2015).
Independentemente do tipo de cirurgia, a mastectomia
interfere diretamente na funcionalidade da paciente sendo, portanto, necessário
atendimento fisioterapêutico e uma abordagem multidisciplinar a fim de
minimizar os comprometimentos ocasionados pela cirurgia (PEREIRA et
al., 2015).
Mesmo os procedimentos cirúrgicos menos agressivos podem
causar inúmeras complicações como, por exemplo, infecções, necrose cutânea,
lesões nervosas, alterações funcionais e de amplitude de movimento, disfunções
respiratórias, dor, distúrbios de sensibilidade, além do linfedema,
cuja taxa de incidência em pacientes pós-mastectomia
ocorre em 20 a 30% dos casos (TACANI et al., 2013; RAMOS et al.,
2013).
A fisioterapia atua como uma importante aliada na
prevenção ou redução das complicações decorrentes da mastectomia.
Como atributos para reabilitação funcional a fisioterapia oferece a técnica de
drenagem linfática manual, técnicas de enfaixamento
compressivo, além da cinesioterapia, que por meio de alongamentos, mobilizações
e exercícios ativos melhora a funcionalidade dessas mulheres (PEREIRA
et al., 2015; RAMOS et al., 2013).
Mulheres submetidas à cirurgia de mastectomia
devem receber atendimento fisioterapêutico antes e após cirurgia a fim de
evitar ou minimizar possíveis complicações. Dessa forma, torna-se importante o
encaminhamento dessas mulheres ao serviço de fisioterapia, respeitando, assim,
o princípio doutrinário do Sistema Único de Saúde (SUS) da integralidade do
atendimento.
Portanto este estudo teve como objetivo geral verificar se
as mulheres mastectomizadas são encaminhadas ao
serviço de Fisioterapia. Além disso, pretende-se caracterizar o perfil sócio
demográfico da população estudada.
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa do tipo descritiva, exploratória
com delineamento transversal e abordagem quantitativa e qualitativa.
O local de realização do estudo foi em uma unidade de assistência à pacientes
oncológicos do município de Vitória da Conquista, na região sudoeste do
estado da Bahia.
As participantes da pesquisa foram mulheres submetidas à
cirurgia de mastectomia que realizam tratamento para
câncer de mama nessa unidade, com idade igual ou superior a 35 anos. O convite para participação
na pesquisa se deu de maneira voluntária com as usuárias presentes no momento
da coleta e aplicação de questionário. A partir desta abordagem, foram
explicados os objetivos, riscos e benefícios da pesquisa e conferido se a
participante se enquadra nos critérios de seleção da pesquisa. A priorização da idade
acima de 35 anos para a população-alvo justifica-se pelo fato do câncer de mama
ser bastante raro em mulheres com idade inferior a 35 anos e devido ao aumento
progressivo de sua incidência conforme o aumento da idade (INCA
2015).
A
população foi constituída por todas as mulheres que fazem tratamento
para câncer de mama na unidade,
na qual a definição da amostra se deu por saturação na análise de dados,
totalizando 16 mulheres. Como critérios de seleção, esta pesquisa apresenta:
- Critérios de Inclusão: Pacientes do sexo feminino que
realizam tratamento para câncer de mama na unidade de assistência à pacientes
oncológicos, com idade igual ou superior a 35 anos e que já haviam sido
submetidas à cirurgia de mastectomia.
- Critérios de Exclusão: Pacientes que não aceitaram
participar da pesquisa ou que não estavam presentes no momento da coleta de
dados.
O instrumento utilizado foi um questionário
semiestruturado formulado pela pesquisadora. O mesmo inclui variáveis de
questionamento como: idade, raça, escolaridade, profissão, estado civil e
renda. Além disso, há a presença de questões norteadoras referentes à como foi
realizado o encaminhamento ao serviço fisioterapêutico e os benefícios obtidos
através do tratamento fisioterapêutico. Este instrumento foi aplicado, em uma
sala reservada ou em um ambiente determinado pela unidade. As voluntárias foram
previamente informadas e orientadas sobre os objetivos, riscos e benefícios
desta pesquisa, dados estes que estão descritos no Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido (TCLE), assinado pelas voluntárias que também ficaram com uma via
assinada pela pesquisadora.
Cada entrevista foi realizada individualmente com cada
participante, pela pesquisadora, com duração máxima de aproximadamente 15
(quinze) minutos, seguindo como roteiro o questionário elaborado. As
entrevistas foram gravadas, com gravador da marca Sony, e depois transcritas na
íntegra pela pesquisadora. Os dados foram coletados nos meses de agosto e
setembro de 2016.
Os dados
sócio demográficos (quantitativos) foram tabulados numa planilha do programa
Excel® 2013 e organizados na Tabela 1, que se encontra nos Resultados e
Discussão, em frequência absoluta e relativa. Em relação à idade das
participantes, também foi demonstrada a média e o desvio padrão para melhor
compreensão.
Após a
coleta de dados, os dados das questões norteadoras (dados qualitativos) foram analisados
seguindo o roteiro proposto por Pires (2012), adaptado pela pesquisadora. Posteriormente
a aplicação do quadro
de Pires na análise inicial dos dados, estes foram submetidos à análise
criteriosa descrita por Laurence Bardin (2011).
Este estudo
respeita os princípios estabelecidos pela Resolução 466/12 no tocante à
autonomia, beneficência, não maleficência, justiça e equidade. Sendo de
responsabilidade dos autores o compromisso de zelar pela privacidade e pelo
sigilo das informações obtidas e utilizadas para o desenvolvimento da pesquisa.
Foi encaminhado à unidade um ofício esclarecendo sobre os objetivos e intenções
da pesquisa e solicitando autorização prévia para que os dados fossem coletados
e esta autorização foi deferida. O projeto de pesquisa foi avaliado
posteriormente pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade Independente
do Nordeste e recebeu o parecer de aprovado. Número CAAE: 57266816.9.0000.5578 e
número do parecer: 1.659.404.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados serão apresentados e em seguida discutidos
na seguinte ordem: 1) Análise quantitativa e 2) Análise qualitativa.
Categorização dos dados quantitativos
A pesquisa
foi caracterizada por 16 mulheres, no qual a distribuição da idade média
da população foi de 52 anos ±10,37 anos. Observou-se, neste estudo, que a idade
das participantes encontrava-se entre 36 e 70 anos, demonstrando o quão raro é
o surgimento do câncer de mama antes dos 35 anos de idade. Sendo que quanto
maior a expectativa de vida, maior o risco para o desenvolvimento do câncer de
mama (ARÊDES et al., 2015).
A Tabela 1,
abaixo, mostra os dados sócio demográficos.
TABELA
1. Distribuição do perfil sócio demográfico das mulheres entrevistadas.
Vitória da Conquista/BA, 2016.
VARIÁVEIS CATEGÓRICAS |
n(16) |
% |
RAÇA |
|
|
Branca |
7 |
43,75 |
Negra |
2 |
12,50 |
Parda |
7 |
43,75 |
ESCOLARIDADE |
|
|
Analfabeta |
1 |
6,25 |
Ensino fundamental incompleto
|
7 |
43,75 |
Ensino fundamental completo |
3 |
18,75 |
Ensino médio incompleto |
1 |
6,25 |
Ensino médio completo |
3 |
18,75 |
Ensino superior |
1 |
6,25 |
ESTADO
CIVIL |
|
|
Solteira |
3 |
18,75 |
Casada |
12 |
75,00 |
Divorciada |
1 |
6,25 |
RENDA
FAMILIAR MENSAL |
|
|
Até 1 salário mínimo
|
9 |
56,25 |
De 02 a 03 salários mínimos |
6 |
37,50 |
Mais que 8 salários mínimos |
1 |
6,25 |
PROFISSÃO |
|
|
Aposentada/Auxílio Doença |
9 |
56,25 |
Atendente |
1 |
6,25 |
Professora |
2 |
12,50 |
Comerciante |
1 |
6,25 |
Lavradora |
1 |
6,25 |
Gari |
1 |
6,25 |
Administradora |
1 |
6,25 |
Fonte:
Elaboração própria a partir do questionário aplicado pela pesquisa.
No que se refere às variáveis sócio demográficas, 43,75%
das participantes se auto referiram como de cor branca, com mesma porcentagem
para cor parda, ao passo que somente 12,50% se autodeclararam como negras. Além
disso, houve uma predominância de mulheres casadas em 75,00% delas.
Em relação a
escolaridade, destacou-se na população estudada que a maioria das entrevistadas
(43,75%) possuíam ensino fundamental incompleto. O fato das mulheres apresentarem baixo nível de escolaridade contribui
para que estas apresentem menor conhecimento sobre as possíveis prevenções do
câncer de mama. Segundo Pinheiro et al. (2013), mulheres com menor escolaridade
devem receber informações a respeito da prevenção do câncer através de
estratégias de educação em saúde, uma vez que o conhecimento sobre as medidas
preventivas do câncer de mama favorecem a detecção precoce do tumor.
Além disso, observou-se que a maioria das mulheres (56,25%) apresentavam renda familiar
menor que um salário mínimo por mês. Segundo Paiva e Cesse (2015), esse achado coincide
com o perfil brasileiro de usuários do SUS, tendo como base os dados da
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio de 2003.
Analisando a ocupação da população estudada, o presente
estudo nos mostra que das 16 participantes, 56,25% delas não desenvolviam
atividades laborais remuneradas, ou por já estarem aposentadas ou por estarem
recebendo auxílio doença.
Categorização dos dados qualitativos
A reunião dos significados emergidos dos questionamentos
deram origem às informações que serão abordadas a seguir, em dois eixos de
discussão.
O ENCAMINHAMENTO AO SERVIÇO DE
FISIOTERAPIA
Com relação ao encaminhamento ao serviço de fisioterapia,
a maioria das mulheres entrevistadas relataram não terem sido direcionadas ao
tratamento fisioterapêutico, sendo obtidas as seguintes respostas das
participantes da pesquisa:
“Nunca
falaram para mim sobre fisioterapia.” (part. 1);
“Até
hoje não falaram nada de fisioterapia, não tocaram no assunto. Vou para o
primeiro dia de quimioterapia e ainda não falaram nada disso.” (part. 4);
“A
médica que me operou me encaminhou para fazer fisioterapia depois da cirurgia.”
(part. 6);
“Quando
eu fiz a cirurgia, o médico falou que eu mesmo fizesse exercício para o braço.
Mas ninguém me indicou a fazer fisioterapia. O médico mesmo indicou como era
para eu fazer o exercício no braço, aí eu mesma movimentava.” (part. 14);
“Não
fui indicada ainda. Vou no meu médico pra ver se ele indica pra mim.” (part.
15).
Observa-se nas explanações acima que não é habitual aos
demais profissionais de saúde referenciarem as mulheres portadoras de câncer de
mama a procurar atendimento da fisioterapia no pré e
pós cirúrgico de mastectomia.
O não encaminhamento dos pacientes com câncer para o
tratamento fisioterapêutico pode estar relacionado ao desconhecimento por parte
da maioria da equipe de saúde em relação a fisioterapia oncológica e seus
benefícios. Somado a isso, observa-se a falta desse serviço nos hospitais
públicos da região e dentro da própria unidade onde os dados foram coletados.
O estudo de Cintra (2012), realizado com profissionais da
área de saúde da Associação de combate ao Câncer de Anápolis, mostrou que dos
30 profissionais de ensino superior entrevistados (sendo 18 médicos, 1
psicólogo, 2 assistentes sociais, 1 nutricionista, 4 enfermeiros e 4
biomédicos), 22 não tinham o costume de encaminhar seus pacientes oncológicos
para tratamento fisioterapêutico.
Além disso, é importante ressaltar que a fisioterapia foi
incorporada à equipe multidisciplinar há pouco tempo, uma vez que demorou até
ser reconhecida e atingir sua autonomia. Parte das dificuldades enfrentadas
pelos fisioterapeutas para obter reconhecimento se deve as disputas de poder
entre os profissionais de saúde e devido ao fato de os fisioterapeutas serem
considerados como uma “ameaça” à hegemonia médica (PEIXOTO et al.,
2015).
Além disso, é importante salientar que o profissional
fisioterapeuta não se encontra inserido na equipe de saúde dessa unidade de assistência à pacientes
oncológicos onde foi realizado este estudo. Esse fato contribui ainda
mais para o não direcionamento ao serviço de fisioterapia, impossibilitando que
o paciente oncológico usufrua de um atendimento multiprofissional e integral.
OS BENEFÍCIOS DO TRATAMENTO
FISIOTERAPÊUTICO
A respeito dos benefícios obtidos com o tratamento
fisioterapêutico a maioria das mulheres entrevistadas não puderam informar, uma
vez que não realizaram tratamento fisioterapêutico. Dentre aquelas que foram
submetidas à fisioterapia, observou-se a melhora dos movimentos do braço e o
alívio da dor.
“Eu
nunca realizei fisioterapia para o câncer.” (part. 2);
“Eu
melhorei a dor que sentia nos braços e os movimentos.” (part. 3);
“Meu
braço não levantava, era duro, os nervos duros e doía muito. Na primeira sessão
já melhorou e eu consegui dormir. Então, melhorou a dor e os movimentos.”
(part. 6);
“Melhorou
bastante. Depois de 15 dias eu já conseguia levantar o braço para fazer
radioterapia. Mas depois eu parei, eu fiquei com medo de machucar.” (part. 11);
“Então,
não fiz essa fisioterapia aí não.” (part. 14).
O tratamento cirúrgico do câncer de mama resulta em
inúmeras sequelas funcionais para as pacientes. Segundo estudo de Mesquita
(2010) as principais
complicações observadas são as algias do membro
superior e a limitação da amplitude de movimento articular16.
Através das falas das participantes, observou-se que o
tratamento da fisioterapia contribuiu para a redução desses sintomas. O estudo
de Jerônimo et al. (2013), realizado com 19 mulheres submetidas à mastectomia, demonstra a eficácia da cinesioterapia através
de um protocolo mínimo de 10 sessões de fisioterapia onco-funcional,
cuja melhora da amplitude de movimento foi significativa.
Além disso, no estudo de Wilhelm et al. (2013), uma paciente no pós-operatório de
câncer de mama foi submetida ao protocolo de tratamento fisioterapêutico que
incluía condutas analgésicas (TENS, interferencial,
massoterapia e pompage) e para aumento de amplitude
(mobilização articular de Maitland, alongamento,
exercícios de ADM passivos, ativo-assistidos e ativos e exercícios pendulares),
durante 12 atendimentos, sendo evidenciado diminuição da dor e aumento da
amplitude de movimento de membros superiores.
Da mesma forma, o estudo de Rett
et al. (2012), realizado com 39 mulheres submetidas a 20 sessões de
fisioterapia através de um protocolo de cinesioterapia que envolvia exercícios
de alongamento e movimentos ativo-livres, demonstrou que a cinesioterapia
reduziu significativamente a dor no membro superior homolateral à cirurgia ao
longo do tratamento.
Tais dados contribuem para comprovação da eficácia do
tratamento fisioterapêutico na reabilitação de pacientes com câncer de mama
através da minimização das complicações decorrentes da mastectomia,
demonstrando, assim, sua atuação fundamental dentro da oncologia.
É importante ressaltar que a fisioterapia oncológica atua
de forma sistêmica, ou seja, não trata o paciente somente no local afetado pelo
câncer. Além de garantir autoestima e qualidade de vida, a fisioterapia
contribui para a melhora da funcionalidade garantindo que o paciente retome
suas atividades diárias20.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Os resultados da pesquisa permitem inferir que o número de
mulheres mastectomizadas encaminhadas ao serviço de fisioterapia
não se mostrou satisfatório. Tendo em vista o impacto que o câncer de mama pode
ocasionar na funcionalidade das mulheres, é de fundamental importância
estratégias que visem aumentar o nível de informação dessas mulheres e da
equipe de saúde, de modo que estas pacientes possam ser direcionadas ao
tratamento fisioterapêutico, elevando, assim, a qualidade de vida das
pacientes.
Dessa maneira, pode-se concluir que pesquisas que enfocam
o papel e os benefícios do tratamento fisioterapêutico em mulheres mastectomizadas são relevantes à sociedade, uma vez que
ajudam a direcionar a elaboração de políticas públicas de saúde que visem a
inclusão da fisioterapia oncológica nos serviços de saúde.
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2012.
[1]
Graduada em Fisioterapia pela Faculdade Independente do Nordeste (FAINOR).
E-mail: mayrafgusmao@gmail.com
[2]
Mestre em Tecnologias em Saúde pela Escola Bahiana de
Medicina e Saúde Pública (EBMSP). Docente da Faculdade Independente do Nordeste
(FAINOR) e da Faculdade de Tecnologias e Ciência (FTC/BA). E-mail:
julibarros78@hotmail.com
[3]
Mestre em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/FIOCRUZ).
E-mail: vnessa.cruz@yahoon.com.br
[4]
Graduado em Fisioterapia pela Faculdade Independente do Nordeste (FAINOR).
E-mail: lohcabral@hotmail.com
[5]
Mestre em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/FIOCRUZ).
Docente da Faculdade Independente do Nordeste (FANOR) e da Faculdade UNINASSAU.
E-mail: karlinhakau@hotmail.com