O MÉTODO PILATES NA PROMOÇÃO DE SAÚDE FUNCIONAL DE
PESSOAS ACOMETIDAS POR DISFUNÇÕES NEUROLÓGICAS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
THE PILATES METHOD IN THE PROMOTION OF
FUNCTIONAL HEALTH OF PERSONS SUFFERED BY NEUROLOGICAL DYSFUNCTIONS: AN
INTEGRATING REVIEW
Marianna
Celeste Cordeiro de Figueiredo[1]
Luciana
Maria de Morais Martins Soares[2]
RESUMO
A Doença de Parkinson, o Acidente Vascular Encefálico e
Esclerose Múltipla estão entre as principais disfunções neurológicas responsáveis
por números alarmantes de sequelas que resultam em incapacidades. O presente
estudo trata-se de uma revisão integrativa, descritiva e analítica acerca do
método Pilates e sua utilização na promoção de saúde funcional de pessoas
acometidas por disfunções neurológicas, realizado no período de Março à Abril de
2017. Para a busca de dados foram utilizadas as bases de dados Scielo, Medline, Pubmed e Lilacs, e os
termos associados Pilates and
Reabilitação, Pilates and distúrbio
neurológico. Como critérios de inclusão foram considerados: artigos publicados
nos idiomas português e inglês e que foram publicados no período de 2009 a 2017.
Foram excluídos: artigos de revisão sistemática, não acessíveis na íntegra, aqueles
que não tinham relação com a referida temática e que não estavam
disponibilizados gratuitamente. Com relação aos procedimentos metodológicos,
foram realizados: a) identificação dos artigos (n=215) através da leitura dos títulos
dos estudos identificados na busca; b) Triagem, na qual foi realizada a leitura dos resumos (n=75) e c) Seleção e
análise, onde os artigos selecionados foram lidos na íntegra (n=8). Resultado:
Foram discutidos um total
de 8 artigos, sendo 2 relatos de caso, 1 ensaios clínicos controlado e randomizado,
4 intervenções, e, 1 monografia. Conclusão: O método Pilates tem potencial clínico a ser utilizado junto
a pessoas com distúrbios neurológicos, entretanto mais estudos experimentais
devem ser realizados e bem controlados de modo a esclarecer os reais efeitos do
método.
Palavras chave:
Promoção da saúde.
Método Pilates. Doenças do sistema nervoso.
ABSTRACT
Parkinson's
Disease, Stroke and Multiple Sclerosis are among the major neurological
dysfunctions responsible for alarming numbers of sequelae that result in
disabilities. The present study is an integrative, descriptive and analytical
review of the Pilates method and its use in promoting the functional health of
people affected by neurological dysfunctions, carried out from March to April
2017. To search for data we used the databases Scielo, Medline, Pubmed and Lilacs,
and the terms associated with Pilates and Rehabilitation, Pilates and
neurological disorder. Inclusion criteria were considered: articles published
in Portuguese and English and published in the period from 2009 to 2017. The
following were excluded: articles of systematic review, not accessible in their
entirety, those that were not related to this topic and that were not available
for free. With respect to the methodological procedures, a) identification of
the articles (n = 215) were performed by reading the titles of the studies
identified in the search; b) Screening, in which the abstracts were read (n =
75) and c) Selection and analysis, where the selected articles were read in
full (n = 8). Results: A total of 8 articles were discussed, being 2 case
reports, 1 controlled and randomized clinical trials, 4 interventions, and 1
monograph. Conclusion: The Pilates method has a clinical potential to be used
with people with neurological disorders, however more experimental studies
should be performed and well controlled to clarify the real effects of the
method.
Keywords: Exercise and
movement techniques. Pilates Method. Doenças do sistema nervoso.
INTRODUÇÃO
As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) foram
motivos de 63% dos óbitos ocorridos em 2008 de acordo com os dados da
Organização Mundial da Saúde (OMS). As DCNT compõem a primeira causa de
mortalidade prematura e mortalidade no mundo, principalmente em populações de baixa renda. No
Brasil, as DCNT corresponderam a cerca de 74% dos óbitos em 2012, além de
representarem alta carga de morbidade (DUCAN et al., 2012).
Segundo Malta et al. (2013, p.152),
o aumento da carga de DCNT, verificado com
maior intensidade nas últimas décadas, reflete alguns efeitos negativos do
processo de globalização, da urbanização rápida, da vida sedentária e da
alimentação com alto teor calórico, além do consumo do tabaco e do álcool.
Esses fatores de risco
comportamentais impactam nos principais fatores de risco metabólicos, como
excesso de peso/obesidade, pressão arterial elevada, aumento da glicose
sanguínea, lipídios e colesterol, que poderão resultar em DCNT
bastante predominantes como: diabetes, doenças cardiovasculares, acidente
vascular cerebral (AVE) e câncer, entre outras enfermidades.
Segundo Reis (2016) apud Girardon (2007)
dentre as DCNT
encontram-se doenças do sistema nervoso como Acidente Vascular Encefálico, Parkinson
e Esclerose múltipla, que geram a incapacidade funcional e deixam
sequelas que resultam na restrição ou limitação dos movimentos, tornando-os
incapazes de realizarem sozinhos suas atividades da vida diária e outras
tarefas, necessitando do auxílio de terceiros. De acordo essa restrição
funcional como sequela das disfunções neurológicas impacta também na capacidade
de tomada de decisão influenciando na independência e autonomia funcional.
Nesse sentido, a atuação fisioterapêutica se reveste de
importância no intuito permitir saúde funcional uma vez que esse profissional é
habilitado a executar diversas atividades, como avaliar pacientes, estabelecer
diagnósticos fisioterapêuticos, planejar e programar ações preventivas, além de
educação em saúde, gerenciamento de serviços de saúde, emissão de laudos de
nexo de causa laboral entre outras (MAIA et al., 2015).
Nessa perspectiva, emerge no arsenal de possibilidades do
profissional fisioterapeuta, o método Pilates que de acordo com Bianchi et al.,
(2016) consiste em um método de exercício que integra corpo, mente e espírito através
de estabilização do centro de força, flexibilidade, controle muscular, postura
e respiração.
Os exercícios do método envolvem contrações isométricas e
isotônicas, com ressalto na atividade do power
house conhecido como o centro de força e que corresponde à região que
compreende os grupos musculares de suporte entre áreas da cintura pélvica e
escapular, que são encarregados pela estabilização estática e dinâmica do corpo
(MARÉS et al., 2012).
Apesar da relativa recente inserção do método Pilates como
ferramenta de reabilitação, o método apresenta resultados promissores em
pessoas com história de lombalgias (STORCH et al., 2016) e pessoas idosas (ENGERS
et al., 2016). Entretanto, as evidências
do benefício do método junto às pessoas com sequelas neurológicas parecem,
nesse sentido, questiona-se: existe evidência científica da prática do método Pilates
na promoção de saúde funcional de pessoas acometidas por disfunções neurológicas?
Dessa maneira o presente estudo teve como objetivo realizar
uma revisão integrativa acerca do método Pilates e sua influência na promoção
de saúde funcional de pessoas acometidas por disfunções neurológicas.
PERCURSO METODOLÓGICO
O presente estudo trata-se de uma revisão integrativa, analítica
e descritiva. Segundo Souza, Silva,
Carvalho, (2010, p.102) “a revisão integrativa emerge como uma metodologia que
proporciona a síntese do conhecimento e a incorporação da aplicabilidade de
resultados de estudos significativos na prática”.
Para a realização de uma revisão integrativa é necessário
seguir as seguintes etapas: 1- Formulação do
questionamento/hipótese; 2- Busca na literatura, seleção da amostragem mediante
aos critérios de inclusão e exclusão; 3 - Categorização dos estudos; 4- Avaliação
dos estudos incluídos na revisão integrativa; 5 – Análise dos resultados e 6 -
Fase: Síntese do conhecimento evidenciado nos artigos analisados, divulgação
dos resultados e conclusão (POMPEO et al, 2009).
A revisão foi realizada no
período de Março à Abril de 2017, no qual foram incluídos trabalhos nos idiomas
português e inglês, publicados nas bases de dados Scielo, Pubmed, Medline e Lilacs no período de 2009 à 2017. Foram excluídos: revisão sistemática, artigos
que não possuíam resumo, não acessíveis na íntegra, que não tinham relação com
a referida temática e que não fossem disponibilizados gratuitamente. Para a
busca de dados foram utilizados os descritores: Pilates and Reabilitação,
Pilates and distúrbio neurológico.
Com relação aos procedimentos metodológicos (Figura 1),
foram realizados: a) identificação dos artigos (n=215) através da leitura dos
títulos dos estudos identificados na busca; b) Triagem, na qual foi realizada a
leitura dos resumos (n=75) e c) Seleção e análise, onde os artigos selecionados
foram lidos na íntegra (n=9). Ao final da análise os dados foram
organizados em quadros contendo período, ano de publicação título, autores e resultados gerais formando o corpus da revisão integrativa.
Figura 1. Organograma com a seleção dos
artigos que compuseram a revisão integrativa.
Fonte: Dados da pesquisa, 2017.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante as etapas de escolhas dos artigos, foram
realizadas diversas leituras, onde foram desenvolvidos fichamentos e resumos
para melhor entendimento sobre o tema e desenvolvimento do trabalho. Ao final,
a síntese das revisões realizadas foi organizada em quadro contendo: ano de
publicação, título do artigo, periódico, autores e resultados gerais, formando
o corpus da revisão integrativa (Quadro
1).
Quadro 1.
Descrição dos estudos selecionados – identificação do artigo
Artigo |
Ano |
Título do artigo |
Periódico/ Site especializado |
Autor (s) |
Resultados gerais |
1º |
2014 |
The effects of pilates on balance, mobility and strength in patients with multiple sclerosis |
NeuroRehabilitation |
GUCLU-GUNDUZ et
al. |
Análise sobre os efeitos do Pilates sobre o
equilíbrio, mobilidade e força em pacientes ambulatoriais com Esclerose
Múltipla, com indivíduos em dois grupos: experimental (n=18) e Grupo Controle
(n=8) para um programa de tratamento de 2 meses e 2 vezes por semana. |
2° |
2016 |
Effects of pilates-based , core stability,
training in ambulante people with mutiple sclerosis: multicenter,
assessor-blinded, randomized controlled trial. |
Physical therapy |
FOX. et al. |
Ensaio
clínico controlado randomizado e multicêntrico, cego com amostra no Grupo
Pilates (n=20) Grupo de exercícios Padronizados (n=20) Grupo Controle (n=20)
durante 3 meses 2 vezes por semana exercício do método Pilates. |
3° |
2016 |
Different types of exercise in
multiple sclerosis: Aerobic exercise or Pilates, a single-blind clinical
study |
Journal of Back and
Musculoskeletal Rehabilitation |
KARA et
al. |
Analisou
os efeitos do Pilates em pacientes com esclerose múltipla com intervenção
durante 2 meses e 2 vezes por semana com exercício aeróbico (n=28), Pilates
(n=9) e que não apresentava patologia (n = 21). Sendo divididos em dois grupos: Pilates
clínico e grupo controle. |
4° |
2016 |
Improvements in cognition, quality
of life, and physical performance with clinical pilates in multiple sclerosis |
Journal
of physical therapy science |
KÜÇÜK
et al. |
Examinou os efeitos dos exercícios
aeróbicos e de Pilates sobre a Esclerose Múltipla com amostra em Pilates no solo (n=11) e o grupo
controle com exercícios aeróbicos (n=9). Nos exercícios aeróbicos e Pilates,
praticados 2 vezes na semana durante 2 meses. |
5º |
2009 |
Os efeitos do Método Pilates
no equilíbrio e na marcha de pacientes com acidente vascular encefálico
(AVE) |
Trabalho
de Conclusão de curso |
RONCHI
|
Estudo
utilizando o Método Pilates como técnica coadjuvante a Fisioterapia no
tratamento das sequelas motoras de pacientes pós Acidente Vascular Encefálico
com o objetivo de avaliar o equilíbrio estático e dinâmico, marcha do
paciente e investigar a força muscular na prática, com amostra (n=3) do sexo
masculino e intervenção de 3 vezes na semanas com duração menos de 1 mês. |
6º |
2016 |
The effects of Pilates exercise
training on static and dynamic balance in chronic stroke patients: a
randomized controlled trial |
Journal
of Physical Therapy Science |
LIM,
KIM, LEE |
Estudo
de intervenção feito com Grupo Intervenção (n=10) e Grupo Controle (n=9) indivíduos
com AVE crônico durante 2 meses e 3 vezes na semana. |
7º |
2014 |
Feasibility and outcomes of a
classical Pilates program on lower extremity strength, posture, balance,
gait, and quality of life in someone with impairments due to a stroke. |
Journal
of Bodywork and Movement Therapies |
SHEA, MORIELLO |
Relato
de caso de um homem com 67 anos que teve AVE do lado direito, submetido ao
método Pilates por um período de 9 meses com frequência de 2 vezes por semana. |
8º |
2016 |
A influência do método Pilates na
instabilidade postural e qualidade de vida do paciente com doença de
Parkinson |
Fisioterapia
Brasil |
FREITAS |
Estudo de caso, no qual a voluntária
portadora de Parkinson, 67 anos realizou 24 sessões de Pilates, 2 vezes por
semana durante 3 meses. |
Fonte: Dados da pesquisa, 2017.
A análise dos resultados mostra o fato de que a maioria
das pesquisas sobre Pilates na promoção de saúde funcional de pessoas
acometidas por disfunções neurológicas encontra-se mais relacionados a estudos
junto a Esclerose Múltipla (n=4), AVE (n=2) e Parkinson (n=1).
No estudo de Guclu-Gunduz
et al. (2014), foi feita uma análise
sobre os efeitos do Pilates sobre o equilíbrio, mobilidade e força em pacientes
ambulatoriais com Esclerose Múltipla (n=18) com dados comparados com os obtidos pelo Grupo Controle (n=8). O grupo
experimental foi submetido a um programa de 8 semanas, realizado duas vezes na
semana. Os mesmos foram avaliados
através das escalas: Escala de Equilíbrio de Berg (EEB), Timed up and go test
(TUG), Activities specific balance confidence scale (ABC) e dinamômetria
manual. Os resultados desse estudo apontam para uma melhora significativa do
grupo submetido ao método Pilates quando comparados com as medidas iniciais
(pré-intervenção) intragrupo, com resultados animadores quanto ao EEB e TUG
após o Pilates (p<0.05), assim como o equilíbrio para o desempenho de
atividade diárias analisado através da escala ABC (p<0.05). Com relação a
força, verificou-se melhora na atividade muscular para flexão e abdução do
ombro, flexão do cotovelo, flexão e extensão do joelho e dorsiflexão de
tornozelo (p<0.05).
O estudo
multicêntrico, duplo cego, randomizado e controlado realizado por Fox et al. (2016), colocados aleatoriamente em três grupos: treinamento
com o método Pilates (n=20), Fisioterapia Convencional (n=20) e sessões de
relaxamento (n=20), realizado na frequência de 2 vezes por semana durante 3
meses. Todos foram avaliados por meio do Teste de Caminhada de 10 metros, a Multiple Sclerosis Walking Scale (MSWS-12) é um
questionário autoaplicável que mede o impacto da esclerose múltipla na
caminhada, Teste de Alcance Funcional, Escala de confiança de
equilíbrio específica para atividades (ABC).
A Intervenção A
(programa de treinamento de estabilidade do núcleo baseado em Pilates) inclui
12 sessões de treinamento individualizadas de meia-hora, além de um programa
individualizado de exercícios domiciliares de 15 minutos diários através de um
caderno de exercícios com instruções escritas e diagramáticas . Os exercícios
são projetados para desafiar o controle do tronco progressivamente adicionando
uma carga gradualmente crescente do membro, e / ou reduzindo a base do apoio.
Intervenção B
(programa de exercícios padronizado) incluindo sessões de treinamento
individualizadas de meio-hora através de um programa padronizado de exercícios,
utilizando a fisioterapia simples que
visa melhorar a estabilidade pélvica e do tronco, força e equilíbrio e controle
do movimento do membro inferior. Para espelhar o programa de estabilidade do
núcleo, os participantes neste grupo também serão instruídos a realizar um
programa individualizado de 15 minutos diários de exercício em casa.
Intervenção C -
intervenção de controlo (programa de relaxamento)
incluindo três sessões de relaxamento individuais no máximo de 60 minutos, fornecidas
a intervalos de 1 mês, em um programa
diário de 15 minutos baseado em torno de um CD áudio de relaxamento no qual os
participante concentra-se em contrair progressivamente os músculos antes de os
relaxar.
As
análises de grupo (medidas repetidas dentro da análise de variância)
demonstraram uma melhora significativa entre as fases de linha de base e de
intervenção para a Caminhada Temporizada de 10 metros (p = 0,019), Escala
MSWS-12 (p = 0,041), Avançada (p = 0,015) e Teste de Alcance funcional (p =
0,012), estes resultados demonstram evidências científicas preliminares para
apoiar ambulantes com EM.
Kara et al. (2016) realizaram uma comparação entre os exercícios aeróbicos e o MP sobre deficiência, cognição,
desempenho físico, equilíbrio, depressão e fadiga em pacientes com Esclerose
Múltipla recorrente (EM) em comparação com o controle saudável. Inicialmente foram
selecionados 55 sujeitos com EM, sendo divididos em grupo de exercício aérobico
(n=28) e grupo Pilates (n=9) e para controle dos saudáveis (n=21). Ao final,
restaram 26 participantes de exercício aeróbio, 9 do Pilates e 21 saudáveis. Para
a tomada de medida das variáveis foram utilizadas: Multiple Sclerosis
Functional Composite (MSFC) para avaliação da cognição, Timed up and Go (TUG),
Escala de Equilíbrio de Berg (EEB), Beck
Depression Inventory (BDI) para avaliação da depressão e Fatigue Impact Scale (FIS).
Comparações
realizadas entre os escores entre o exercício aeróbico (EA) e o grupo Pilates
(GP) indicaram que significância estatística para nove testes da cognição a
favor GP, ao passo que na análise do TUG se verifica melhora a favor do GP
(pré_direito=11,75+3,38; pré_esquerdo=12,7+3,32; pós_direito=10,5+2,69,
pós_esquerdo=9,73+3,17). em relação ao EA (pré_direito=10,3+6,3; pré_esquerdo=10,3+6,28;
pós_direito=9,56+6,04, pós_esquerdo=10,39+7,09). Quanto a EEB
observou-se melhora em ambos os grupos, porém maior a favor do GP (pré=44,6+10,9;
pós=47,7+13,8) em detrimento ao EA (pré=46,11+12,44; 48,57+16,02),
assim como para depressão, onde se observou no EA (pré=8,92+6,4;
pós=7,15+6,3) e GP (pré=11,44+6,5; pós=9,77+5,2). No entanto,
quanto a avaliação da FIS o grupo de EA tem melhora mais marcante quanto
comparados com o GP.
Analisando
o estudo supracitado, pode-se verificar que o MP pode gerar benefícios às
pessoas com EM, exceto no aspecto fadiga. Entretanto, o MP conta com diferentes
formas de intervenção, e neste estudo foi utilizado o MatPilates em detrimento
ao Pilates com os aparelhos. De acordo
com Alvarenga (2007) os exercícios no solo são mais desafiadores do que os
exercícios realizados nos aparelhos, a intensidade da força é fornecida através
das molas o que pode ser utilizado como facilitador do exercício ou não a
depender dos objetivos. Talvez a utilização do MatPilates tenha sido a
resposável pelo aumento da fadiga em pessoas com EM consistindo em um resultado
negativo para essa variável.
No ensaio clínico, controlado e exploratório de Küçük et al. (2016),
realizado junto a 20 pacientes,
dentre os quais 65% (n = 13) eram do sexo feminino e 34% (n = 7) eram do sexo
masculino, distribuídos aleatoriamente em dois grupos, o Pilates clínico no
solo (n=11) e o grupo controle com exercícios aeróbicos (n=9), com encontros
realizados duas vezes por semana durante
um total de dois meses. Para a avaliação
foram utilizados: Multiple
Sclerosis Functional Composite (MSFC), Escala de Equilíbrio de Berg (EEB), o Timed Up and Go (TUG), Escala Modificada de Impacto da Fadiga (MFIS),
o Questionário de Qualidade de Vida da Esclerose Múltipla Internacional
(MusiQol) e a Escala de Depressão de Beck (BDI). Na análise comparativa entre
os grupos os autores encontraram diferenças estatisticamente significativas em
PASAT (MFSC) e MusiQol a favor do grupo Pilates (p <0,05), ao passo que a
prática de ambas as modalidades de exercício revelou mudanças moderadas nos
níveis de desempenho, equilíbrio, depressão, fadiga em pacientes com EM.
O estudo de Ronchi (2009), que utilizou o Método Pilates como técnica adjunta a
Fisioterapia no tratamento das sequelas motoras de pacientes pós AVE, teve como objetivo avaliar o equilíbrio
dinâmico e estático, a marcha e força muscular de 3 pacientes do sexo
masculino, cujas intervenções foram realizadas durante 3 dias na semana,
totalizando 10 sessões. Foram utilizados a EEB, o TUG e teste de força manual
para membros superiores e inferiores. Os resultados encontrados na pesquisa
demonstraram que o MP associado a Fisioterapia não apresentou melhoras
significativas no equilíbrio, na marcha e na força muscular. No entanto, os
autores ressaltaram que a evolução de pessoas com sequelas neurológicas é
geralmente a longo prazo levando a sugerir que o prosseguimento da terapia
poderá refletir em um resultado de forma significativa.
No que concerne à utilização do método Pilates junto às
pessoas acometidas por AVE, no estudo de Lim, Kim, Lee (2016), cujo objetivo
foi avaliar o equilíbrio estático e dinâmico de pessoas após episódio de AVE
após intervenção com o Mat Pilates, realizado junto a 19 indivíduos com
hemiparesia crônica unilateral, sendo distribuídos aleatoriamente em grupo de
intervenção - GI (n=10) cujos resultados foram contrastados com aqueles obtidos
pelo grupo controle - GC (n=9). O GI foi submetido a 24 sessões ao longo de um
período de 8 semanas com 2 sessões por semana com exercícios de respiração realizados em uma posição sentada, exercícios
de mobilidade da coluna vertebral, exercícios de membros superiores e
exercícios de fortalecimento de membros inferiores.
Para medir o equilíbrio estático, utilizou uma esteira
instrumentada (FIT, Bertec Corp., EUA) os participantes com os olhos abertos e
os braços soltos por 30 segundos. Cada pé foi colocado em uma placa de força
separada localizada sob os cintos da esteira. Enquanto que no equilíbrio dinâmico, para a avaliação os
participantes foram convidados a andar na esteira instrumentada à velocidade
auto-selecionada. A velocidade auto-selecionada sobre terra foi determinada
para cada participante de antemão e a velocidade da correia da esteira foi
ajustada para corresponder a essa velocidade durante a avaliação. Quando se
determinou que os indivíduos exibiam movimentos de caminhada naturais (após
cerca de 3-5 segundos), os dados por 5 passos consecutivos foram coletados.
Para o equilíbrio estático, o balanço de COP diminuiu
significativamente na GP nas direções A-P e M-L (p <0,05). Todos os
parâmetros de equilíbrio dinâmico para ambas as pernas melhoraram
significativamente na GP após o treinamento (p <0,05). Para todos os
parâmetros de equilíbrio estático e dinâmico, as diferenças significativas após
o treinamento foram encontradas entre a GP e o CG, embora não houvesse
diferenças de significância na linha de base (p <0,05).
Trazendo como evidência
que o método Pilates pode melhorar o equilíbrio estático e dinâmico em
pacientes com acidente vascular encefálico crônico quando realizado na frequência
e tempo estabelecidos pelos estudiosos.
Visando a avaliação da
capacidade funcional do indivíduo após episódio de AVE, Shea e Moriello (2014)
relataram o caso de um participante com 67 anos do sexo masculino cujas
habilidades de comunicação e memória estavam intactas, porém que apresentava
déficits no hemicorpo esquerdo, marcadamente quanto aos aspectos da atividade
sensório-motora, e, dor no ombro esquerdo devido a subluxação do ombro. O
objetivo do estudo das autoras foi avaliar os efeitos da prática do método na
força dos membros inferiores, postura, equilíbrio, marcha, foram avaliados utilizando a Escala de Equilíbrio de
Berg (EEB), a Escala de Impacto do Traçado (SIS), o Teste de Repetição de 5
Repetições (STST) e flexicurve.
Após a intervenção de 9 meses, com frequência de 2 vezes por
semana, o participante do estudo supracitado obteve melhora no equilíbrio (EEB=
20/56 pontos), redução do tempo de velocidade de marcha (pré= 11,6 cm /s; pós=10,8
cm /s), comprimento da passada (pré= 47,3 cm; pós= 53,5 cm à esquerda e pré=
47,6 cm; pós = 54,5 cm à direita), além de conseguir subir escadas, apresentar
maior efetividade no padrão de passo e na realização das transferências de
peso. Entretanto, na análise postural, não foram verificadas grandes
modificações. Quanto aos resultados, verifica-se que o método Pilates
demonstrou ser eficiente para o equilíbrio e força de membros inferiores que
impactou o desempenho de atividades funcionais, entretanto não foram
evidenciados impactos na postura e qualidade de vida.
Freitas (2016) objetivou analisar a influência do MP na
instabilidade postural e qualidade de vida de uma idosa portadora da Doença de
Parkinson (DP). A amostra foi
composta por uma participante do gênero feminino 67 anos, com diagnóstico
clínico de DP primário há quatro anos, classificada no estágio 3 da Escala de
Estadiamento de Hoehn e Yahr. Nesse estudo, a voluntária foi orientada a
permanecer com suas atividades diárias, alimentação, medicamentos e exercícios
rotineiros durante a pesquisa, e, em associação foi proposto um protocolo com
20 exercícios do MP solo, com bola e com os aparelhos (Cadillac, Step Chair e Reformer) para fortalecimento e alongamento de membros inferiores e
superiores, melhora da postura, coordenação, equilíbrio e da capacidade
respiratória. Foram aplicados três testes avaliativos pré e pós-intervenção: 1)
Escala de equilíbrio e mobilidade de Tinetti; 2) Questionário de qualidade de
vida (QV), PDQ-39; 3) Timed Up and Go
(TUG).
Como resultados observou-se uma melhora de 35% nas
habilidades de equilíbrio e marcha (pré=20 pontos; pós=27 pontos), obtendo
classificação “risco não significativo” em detrimento a “risco moderado”
inicial; melhora da QV (pré= 41,51 pontos, QV comprometida; pós= 9,61 pontos) o
que representa melhora de 76,8%, e no desempenho do TUG (pré=11,04 segundos;
pós= 8,67 segundos), diferença de 2,37 segundos e uma melhora de 21,46%.
De acordo com os dados apresentados por Freitas, é
possível observar que o método Pilates contribuiu de alguma forma na qualidade
de vida, na qualidade de marcha e no equilíbrio, no entanto não é possível
determinar se o resultado deve-se exclusivamente à prática do método ou das
outras atividades as quais a voluntária permaneceu vinculada. Dessa forma, não
é possível determinar qual a efetividade do MP e sua real contribuição junto ao
DP nesse estudo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a conclusão do presente estudo, pode-se observar que a
literatura acerca da temática ainda é escassa, uma vez que no total foram
encontrados 7 artigos e 1 monografia. Na maioria, verificou-se a utilização do
Pilates solo em detrimento ao Pilates com os aparelhos, com tempo de intervenção
variando entre mínimo de 3 semanas, máximo de 9 meses com média de 3 meses, e
frequência de 2 vezes por semana, o que representou 87,5% (n=7) da amostra. Com
relação às variáveis estudadas 100% (n=8) analisou o equilíbrio, 50% (n=4) a marcha
e 37,5% (n=3) força e qualidade de vida.
Apesar da maioria analisar seus dados em comparação a um
grupo controle, as amostras não se mostraram equiparadas quanto ao número de
participantes, o que compromete a análise estatística e consequentemente a
confirmação da hipótese de que o Método Pilates seja eficaz no cuidado
fisioterapêutico de pessoas com disfunções neurológicas. Ademais, nem todos os
estudos apresentam o protocolo de intervenção, o que dificulta sua replicação,
ao mesmo tempo que se torna um empecilho a análise dos resultados. Nessa mesma
perspectiva, a utilização do Mat Pilates em detrimento ao Pilates com
equipamentos deve ser analisado e estudado, pois o grau de dificuldade daqueles
podem ser maiores do que destes, uma vez que as molas poderão ser facilitadoras
do exercício proposto aos participantes.
Diante da pesquisa realizada, pode-se inferir que o método
Pilates tem potencial clínico a ser utilizado junto a pessoas com distúrbios
neurológicos, entretanto mais estudos experimentais devem ser realizados e bem
controlados de modo a esclarecer os reais efeitos do método.
REFERÊNCIAS
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método pilates (solo e bola) como tratamento para lombalgias decorrentes de
escolioses e hérnias de disco. 2007. Tese de Doutorado. publisher not identified.
BIANCHI, Adriane Behring et al. Estudo
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vida e dor de pacientes com lombalgia. Cinergis,
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BLASIUS, Viviane Alves. Verificação do índice de escoliose nos acadêmicos da 10ª fase do Curso
de Fisioterapia da UNESC. 2012.
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[1]
Graduada em Fisioterapia pelo Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ).
E-mail: marianna_celeste@hotmail.com
[2]
Doutora em Evolução Humana, Antropologia Física e Forense pela Univerdidad de
Granada. Docente das Faculdades Integradas de Patos (FIP) e do Centro
Universitário de João Pessoa (UNIPÊ). E-mail: luciana_momaso@hotmail.com